domingo, 27 de dezembro de 2009

À flor da pele



Acordei e fiquei um tempo na cama, com certa preguiça do dia que estava pra começar. Nesses 15 minutos, imagina o que veio à minha cabeça, amor?Suas mãos. Lisas, delicadas, firmes, certas; suas mãos, mãos de artista. Senti saudades das suas mãos. Não faça essa cara de presunção, amor, não senti saudades de você, nem um pouco, minha vida vai bem sem a sua presença. Senti saudades das suas mãos, especialmente na minha cintura. Lembrei de quando eu fingia ser sem querer que meu cotovelo tivesse encostado no seu braço e que era uma simples mania minha estalar seus dedos.Tudo fingimento.Sabe o que eu queria realmente, amor? Sentir seu toque quente na minha pele ardente.
Lembrei da primeira vez que suas mãos enlaçaram a minha cintura.Delicadamente, maroto como só você poderia ser, me unindo ao seu corpo, me levantando sem querer.Engraçado que nem era isso mesmo o que queria.Me deixei levar pela carência e pelos instintos carnais.Meu corpo ali e a mente em outro local qualquer.Esse foi o pecado, ter deixado ali o meu corpo.Ele sentiu o seu toque, o seu cheio, seu jeito, o seu calor, e como pobre corpo de mulher, se rendeu aos seus encantos.Agora meu corpo clama, amor, por esses toques contínuos na minha pele.Minha mente voltou ao estágio do nosso primeiro encontro, ela está em outro local, mas meu corpo ainda não superou você, amor.Já disse, não fique assim, todo orgulhoso, por mim isso não estaria acontecendo.Tudo isso é culpa desse corpo burro, que não me obedece, que acha que encaixa somente com você, especialmente quando suas mãos moldam o movimento e guiam ele aos locais mais inesquecíveis.
Isso vai passar, amor, daqui a pouco ele conhece outro corpo e o seu será uma vaga lembrança, assim como você é pra minha mente agora. Outra pessoa vai conhecer os caminhos, vai enlaçar esta cintura e tudo estará resolvido. Mais por enquanto, amor, só te queria fazer um pedido: pode emprestar suas mãos por dois segundos? Meu corpo burro anda tão tristonho que agora até a minha mente quer resolver esse problema. Não faça essa cara, amor, é um empréstimo, logo te devolvo, assim que reencontrar a paz pra esse corpo bobo.


Obs: Mãos do Louis Garrel <3