terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Do amor só se pode fazer necrópsia, jamais biópsia.*

Estou amando, mesmo, de modo que vivo meus dias para ver o amor no mundo. Dia desses, por exemplo, vi um homem pregar o evangelho enquanto o sinal estava vermelho. Amei-o de tal forma, amei toda a sua coragem e convicção, que por todo o tempo em que ele bradava aos quatro ventos as palavras do profeta, eu queria abraçar e cuidar dele somente, mesmo que tudo o que ele dizia não fizesse sentido para a minha mente budista.
Não sei se amar de forma tão intensa é bom ou ruim, acredito que saberei mesmo os resultados de tal ato somente daqui a um tempo, quando puder analisar os fatos de forma imparcial. Como o próprio título do texto diz o amor só pode ser avaliado quando morto, ou melhor, segundo Freud, só poderei analisar quando ter o amor for possível, pois ai não mais o amarei, já que se ama somente aquilo que não se tem.



* : Roberto Freire, em Ame ou dê vexame.